Há quase 50 anos no mercado, COAVE é vítima de fraude
Isaías Sebastião é acusado de fraudar cooperativa e ainda propõe a dissolução do empreendimento
Os cooperados da Cooperativa Mista dos Avicultores (Coave), responsável pelo abastecimento de mais de 50% do mercado de frangos de Teresina e região, enfrentam um grave problema criado pelo diretor-presidente, Isaías Sebastião de Almeida Neto. Para surpresa dos associados, o gestor convocou uma Assembleia Geral Extraordinária e propôs a dissolução da cooperativa, alegando falência.

Os associados recusaram-se a participar da votação e cobraram esclarecimentos sobre a destinação dos altos investimentos aplicados por cada um na cooperativa. Por investigações próprias, eles já descobriram que Isaías Sebastião está sendo orientado pelo médico Leonardo Eulálio, afastado da diretoria da cooperativa Unimed por desvios de recursos, apropriação indébita, lavagem de dinheiro e outros crimes, e pelo superintendente do Serviço Nacional de Aprendizagem do Cooperativismo no Piauí (Sescoop/PI), Arimatéa Costa, condenado pela Justiça Federal por estelionato e que já deveria ter sido afastado do cargo, mas permanece por decisão pessoal de Isaías Sebastião, que também é presidente do sistema OCB-Sescoop/PI.

Embora com um faturamento anual de R$ 120 milhões, os cooperados descobriram que a Coave tem um débito de mais de R$ 32 milhões relativos a impostos, fornecedores e cooperados, os quais, na tentativa de solucionar o problema, contraíram diversos empréstimos e repassaram o dinheiro diretamente para que a cooperativa pudesse sanar suas dívidas, o que não ocorreu.
Hoje, desesperados, com restrições bancárias e bens sendo penhorados pela Justiça em favor de fornecedores e, na iminência de verem seu empreendimento de quase meio século fechar as portas, decidiram denunciar publicamente Isaías Sebastião por improbidade administrativa.
O que chama a atenção é a semelhança dos delitos e a ligação entre Isaías Sebastião e Leonardo Eulálio. Ambos assumiram o comando do sistema cooperativista piauiense e também empreenderam um processo de destruição das cooperativas que presidiram.
Faz parte do mesmo grupo de Eulálio, Arimatéa Costa e Isaías Sebastião, o também destituído ex-presidente da cooperativa Teletáxi, Pedro Ferreira, sob denúncias pelos cooperados e pelo Ministério Público do Piauí nos crimes de estelionato, fraude em pagamentos com cheques, apropriação indébita e associação criminosa.
A pergunta que fica é: porque o Piauí é o único estado da federação onde os presidentes do sistema cooperativista quebram suas cooperativas de origem, desrespeitam os princípios do cooperativismo mundial e envolvem-se em crimes contra a economia popular e privada, prejudicando drasticamente a vida de milhares de famílias e a visão da sociedade sobre um modelo de negócio transformador, com rentabilidade garantida, o qual movimenta a economia e promove desenvolvimento e inclusão, equilibrando produtividade e sustentabilidade?